Este trabalho procura analisar as relações existentes entre a meditação da atenção plena (Mindfulness) e a função cognitiva da atenção, com o objetivo de aprofundar nossa compreensão dos potenciais benefícios do treinamento da atenção plena sobre a atenção. Nossa revisão teórica revelou mudanças positivas nas habilidades da atenção como resultado de modificações da neuroplasticidade das redes neuronais atencionais que resultam de práticas meditativas da atenção plena. Tendo como base o desenvolvimento da autorregulação e sua função no desempenho da atenção plena e da atenção executiva. Avanços na compreensão desses desempenhos são apontados nas investigações dos constituintes de Mindfulness, desenvolvidos por Tang et al. (2007, 2015). Como resultado, as funções da atenção executiva podem ser aprimoradas por aqueles que se dedicam regularmente à prática de Mindfulness. Desenvolvendo com isso a autorregulação a partir do controle atencional, da regulação emocional e do aumento da capacidade de auto-percepção.
PALAVRAS-CHAVE
Atenção, Meditação da Atenção Plena (Mindfulness), Atenção Executiva, Autorregulação.
DIALOGUES BETWEEN ATTENTION AND THE MINDFULNESS ATTENTION
ABSTRACT
This paper aims to analyze the relationship between mindfulness meditation and the attention function, to deepen our understanding of the potential benefits of mindfulness training compared to executive attention. Our theoretical review revealed positive changes in executive attention skills as a result of the changes in neuroplasticity attention networks, that result of mindfulness meditation practices. Based on the development of self-regulation and its role in the performance of mindfulness and executive attention.
Advances in understanding these performances are pointed out in investigations the constituents of the mindfulness, developed by Tang et al. (2007, 2015). As a result, executive attention functions can be enhanced by those who regular engage in mindfulness meditation. Developing with its self-regulation from attentional control, emotional regulation, and increased self-awareness.
KEYWORDS
Attention, Mindfulness Meditation, Executive Attention, Self-regulation.
O processo cognitivo da atenção e suas funções na prática da meditação da atenção plena (Mindfulness) tem sido uma das investigações que vem nos acompanhando há mais de duas décadas. Desde nossa primeira participação nos anos de 1994, de retiros Theravāda de Mindfulness orientados por instrutores de várias origens. O Theravāda, ou a escola dos antigos, é considerada a mais antiga forma de ensinamento de Gautama Buddha (563-486 a.C.), tendo chegado até a atualidade através da psicologia do Abhidhamma, modelo teórico que faz parte dos princípios da ciência da mente apresentados por essa escola.
Com a prática de Mindfulness, o meditador observa conscientemente e sem reatividade as próprias impressões sensoriais e processos mentais, deixando com que passem pela tela da mente. Desenvolvendo samatha-vipassanā ou tranquilização-insight. Destacado por Nyanatiloka (1987): “Tranquilidade é um imperturbável, pacífico e lúcido estado da mente, atingido pela forte concentração mental […]. Insight (s. vipassanā) é uma compreensão direta pela experienciação meditativa” (tradução livre da autora).
O desenvolvimento da prática da tranquilização-insight possibilita nosso contato com a experiência do aqui e agora, tanto quanto com os comportamentos em resposta a essa. Possibilitando a percepção dos estímulos que entram em nosso campo atencional, assim, como oferecendo um novo modo de olhar os processos internos e externos.
A meditação vem sendo uma das áreas de investigação da neuropsicologia cognitiva. Especialmente desde a década de 1970, Mindfulness está sendo incluída entre os esforços de alguns pesquisadores na realização de investigações que tratem das possíveis relações dessas práticas na saúde mente-corpo. Com investigações como as realizadas pelo Centro de Mindfulness na Medicina, Saúde e Sociedade, da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts (UMASS), que desde os anos de 1970 vem desenvolvendo programas de treinamento em mindfulness como o MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), de Kabat-Zinn (1990). Assim, como o programa MBCT (Mindfulness-Based Cognitive Therapy) desenvolvido por Teasdale, Segal e Willians no final da década de 1990, na Universidade de Oxford (DIMIDJAIN & SEGAL, 2015; KABATT-ZINN, 2011).
Desde 2002, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o documento Tradicional Medicine Strategy 2002-2005, investigações sobre as relações entre a meditação e a saúde da mente-corpo estão sendo realizadas no Brasil. Mindfulness e outras técnicas de meditação foram aprovadas pelo Ministério da Saúde, através da Portaria n. 971, de 06 de maio de 2006: Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Sendo a meditação uma das 29 Práticas Integrativas e Complementares oferecidas ao indivíduo e à coletividade pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Pesquisas científicas e programas de treinamento têm sido realizados por instituições nacionais, como os oferecidos desde os anos de 2006 pelo Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – Mente Aberta, em parceria com o Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e o Conselho Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Saúde, Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) (DEMARZO & CAMPAYO, 2015; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
O mesmo ocorre com a atenção que, especialmente a partir da inauguração da Fundação McDonnell (1986) e seu apoio a pesquisas que ligam o biológico com as ciências comportamentais, vem sendo uma das principais áreas de investigação da neurociência cognitiva. Evidenciando a interação do sistema atencional com sistemas cognitivos como a percepção, memória, emoção e funções executivas (BICKLE, 2009). Inúmeras investigações da neurociência cognitiva da atenção vêm sendo desenvolvidas por especialistas em diversas instituições internacionais, como a The Sackler Institutes for Developmental Psychobiology (2018) que desde a fundação do primeiro Sackler Institute for Developmental Psychobiology (1996), vem avançando nos estudos e pesquisas do desenvolvimento dos mecanismos neurais e estruturas subjacentes à atenção. Assim, como das alterações cerebrais durante a aquisição de sua habilidade (BARCHAS et al., 2016).
Iniciaremos o presente trabalho fazendo uma revisão dos conhecimentos sobre a atenção segundo a neuropsicologia cognitiva. Isso nos permitirá apresentar o sistema cognitivo atencional, ressaltando a sistematização da neuroanatomofisiologia, dos tipos, componentes e funções da atenção. Restará caracterizada a atenção como um mecanismo de receptividade e seleção de estímulos externos e internos. Assim, como de monitoramento, controle dos sistemas cognitivos e autorregulação (self-regulation, BAUMEISTER & VOLS., 2007).
Faremos a seguir uma revisão da prática de Mindfulness, a partir das investigações realizadas pela psicologia do Abhidhamma e pela neuropsicologia.
É objetivo do presente trabalho ressaltar o benefício da prática de Mindfulness nas funções da atenção: receptividade aos sinais dos estímulos do campo sensorial (1), seleção e localização do estímulo selecionado (2), focalização no estímulo (3), controle na manutenção da focalização no estímulo e autocontrole dos comportamentos reflexos e das respostas involuntárias (4), o que resulta na abertura do canal de informação com a esfera cognitivo comportamental. Como apontado por Hanson & Mendius (2012): “A atenção é como um holofote, e tudo o que ilumina é captado pela mente e molda o cérebro. Portanto, desenvolver maior controle sobre a atenção é provavelmente a maneira mais genuína de reconfigurar o cérebro e, por conseguinte, a mente.”
O SISTEMA ATENCIONAL
Antes de iniciarmos a definição da atenção, pesquisaremos suas origens etimológicas: “Originada de Attendere, termo latino que significa literalmente ‘tender, inclinar-se em direção a’, atenção é formada pelo prefixo Ad, ‘direção, para, aproximação’ e, também, do radical Tendere, traduzido por ‘alongar-se, estender, esticar’” (CUNHA, 1986).
Significamo-la como “a intenção e ação que a mente-corpo faz ao determinar em qual dos sistemas cerebrais (aferentes) sensoriais direcionará seu foco de percepção, a partir da receptividade do estímulo selecionado. A focalização do estímulo selecionado visando a escolha da ação (eferente) entre o repertório de ação disponível. Assim, como a monitorização e controle da manutenção da focalização do estímulo selecionado ou das habilidades cognitivas e comportamentais, enquanto houver intenção de mantê-los”.
O processamento atencional inicia-se a partir do momento em que a mente-corpo entra em interação com a imagem somatossensorial do estímulo selecionado refletido no interior do cérebro. Referindo-se à organização aferente dos impulsos nervosos, originados da estimulação dos receptores periféricos externos direcionados ao interior do cérebro. Assim, como segue-se a interação com a imagem mental do estímulo selecionado (DAMÁSIO, 2015).
A atenção pode ser subdividida em atenção seletiva, sustentada e dividida-alternada. A atenção seletiva é a capacidade de antepor e responder ao estímulo exteroceptivo ou interoceptivo selecionado, em detrimento de outros estímulos disponíveis no campo sensorial (STERNBERG, 2008). Ocorre, portanto, a suspensão das respostas do sistema (aferente) cerebral aos demais estímulos. Permite-se, com isso, a facilitação da disposição de recursos cognitivos em relação ao estímulo selecionado.
A atenção sustentada, ou atenção executiva, caracteriza-se pela capacidade atencional de sustentação persistente do estado de alerta e concentração no estímulo selecionado (POSNER & PETERSEN, 1990). Por ser mais influenciada por variáveis motivacionais, pode ser considerada a partir da duração de 2000ms (2s) ou mais. Ao contrário de processos relativamente rápidos ou automatizados, em que a duração da exposição aos estímulos selecionados de até 200ms (0,2s) é considerada de mínimo efeito, de 500ms (0,5s) de médio efeito, e de 800ms (0,8s) ou mais de maior efeito no processo atencional (PEUKER et al., 2009; YAO, 2015). A atenção sustentada é, portanto, condicionada à dinâmica temporal da(s) demanda(s) do estímulo selecionado e é influenciada pela variabilidade do desempenho da ação com o passar do tempo (LAWRENCE et al., 2003).
A atenção dividida-alternada caracteriza-se pela alternância da atenção entre um ou mais estímulos selecionados simultaneamente (SCHNEIDER & SHIFFRIN, 1977). Tratando-se, portanto, da operação de suspender a atenção de um estímulo selecionado (estímulo primário único), e do mover a atenção através do realinhamento adequado do sistema atencional a uma nova posição a ser alcançada (segundo estímulo).
A atenção seletiva, sustentada e dividida-alternada envolvem a operacionalização de funções distintas: receptividade, seleção, resposta e focalização do estímulo selecionado; assim, como controle na sustentação da focalização do estímulo. Essas funções estão destacadas na teoria das redes atencionais de Posner & Petersen (1990; PETERSEN & POSNER, 2012), que propõe um sistema modular constituído por três redes atencionais: rede de alerta (1), rede de orientação/posterior (2), rede de controle/anterior (3).
Função | Estrutura | Modulador |
Rede de Alerta: Alerta ou Arousal | Localização subcortical, formada pelo tálamo e a formação reticular ascendente, da qual se originam projeções difusas ao sistema límbico e ao neocórtex | Norepinefrina(NE) |
Rede de Orientação/Posterior: Orientação Voluntária/Involuntária | Localização córtico-subcortical mista, incluindo o tálamo, o córtex parietal posterior, a interseção temporo-parietal e o colículo superior. | Acetilcolina(Ach) |
Rede de Controle/ Anterior: Autorregulação/Controle | Localização cortical, principalmente no córtex pré-frontal (incluindo o cíngulo anterior) e parietal superior, e os núcleos basais. | Dopamina(DA) |
Cada uma dessas redes está encarregada de funções atencionais distintas e que estão associadas a estruturas corticais e subcorticais diferenciadas, predominantemente situadas no hemisfério direito. Porém funcionam de forma cooperativa, o que permite que cada uma influencie as outras em qualquer momento (FAN et al., 2005, 2007; POSNER, 2012; POSNER & PETERSEN, 1990; POSNER & ROTHBART, 2007).
A correlação existente entre atenção e rede de alerta aponta para a necessidade do estado de vigilância (arousal) para a receptividade do estímulo selecionado iminente, evidenciando efeitos tônicos corticais que resultam do tempo gasto em uma tarefa (FAN et al., 2005). O estado de vigilância é essencial a cada tipo de atenção (atenção seletiva, sustentada e dividida-alternada).
A Rede de Alerta está associada às redes subcorticais do tálamo e sua função de ativação das funções de integração, filtragem e modulação do estímulo que virá a ser selecionado; e à formação reticular ascendente (SARA), responsável pelas respostas a serem dadas ao estímulo. Tendo como neurotransmissor a norepinefrina (NE) e seu efeito de influenciar na intensificação dos sinais de aviso para o aumento do estado de alerta (LANDRY & RAZ, 2016; MARROCCO & DAVIDSON, 1998. In. PARASURAMAN et al., 1998).
Segundo Posner & Fan (2008), a atenção seletiva está relacionada a rede de orientação/posterior, sendo um sistema que tem como finalidade selecionar o estímulo em meio aos múltiplos estímulos do campo sensorial disponível. Orientando a atenção até o lugar em que se localiza o estímulo selecionado, a rede de orientação se dá a partir de três operações: a suspensão da atenção de um estímulo primário focalizado, o mover da atenção até a nova posição a ser alcançado e a fixação da atenção na nova posição em que se encontra o segundo estímulo selecionado. Essas operações são fundamentais ao funcionamento da atenção seletiva.
O circuito orientador envolve o lobo parietal posterior na operação de suspensão da atenção de um estímulo selecionado; o colículo superior no deslocamento e alinhamento da atenção com a nova posição a ser alcançada; e os núcleos pulvinar e reticular do tálamo na operação de fixação da atenção na nova posição, através da identificação das propriedades facilitadoras e inibidoras do sistema atencional. O neuromodulador acetilcolina (Ach), participa diretamente do sistema atencional e seu processo de controle de cada uma das funções da Rede.
A atenção sustentada, ou atenção executiva, está relacionada à rede de controle/anterior. Confere ao sistema atencional a capacidade de controlar a ação de forma voluntária; assim, como monitorar e resolver conflitos entre diferentes circuitos neurais, através de seus mecanismos do controle executivo ou das habilidades cognitivas essenciais à organização do funcionamento cognitivo e comportamental. Ela é importante para a autorregulação ou o controle voluntário do comportamento sobre as respostas automáticas ou involuntárias.
A rede executiva ocupa regiões do córtex pré-frontal relacionadas com as funções executivas (ASPLUND et al., 2010): córtex orbital, córtex do cíngulo anterior. O neuromodulador dopamina (DA) controla os seus níveis de estimulação. Evidenciado na relação existente entre o baixo desempenho dos processos da função executiva da atenção e da flexibilidade cognitiva para a configuração do estímulo, e os baixos níveis de atividade do córtex pré-frontal e da dopamina. Enquanto o aumento na atividade da dopamina demonstra a intensificação dessas funções. (LOGUE & GOULD, 2014; ROBBINS & ROBERTS, 2007).
Baseando-se na teoria das redes atencionais, Fan et al. (2002) desenvolveram o teste ANT (Attentional Network Test), embasando-se nos componentes da atenção apontados por Posner; assim, como na ativação cerebral das áreas relacionadas. Tem como objetivo quantificar a eficiência das redes de alerta, orientação e controle, através da combinação de uma tarefa de tempo de reação (POSNER, 1980) e uma tarefa flanker. A diferença dos valores entre as tarefas é usada como medida quantitativa da eficiência dos três componentes individuais da atenção (POSNER, 2012-b).
Com as investigações existentes ressaltando cada vez mais as interações entre as redes da atenção, especialmente entre a rede de alerta e o controle executivo, autores modificaram o ATN original a fim de investigar as interações entre as redes. Propondo a versão do ATN-Interaction (CALLEJAS et al., 2004, 2005; WEINBACH & HENIK, 2012).
A ATENÇÃO PLENA (MINDFULNESS)
Como apontamos anteriormente, Mindfulness (meditação da atenção plena) origina-se da perspectiva fenomenológica da atenção apresentada pela psicologia do Abhidhamma, na qual a ciência da mente proposta por Buddha é denominada Dhamma (Dharma no sânscrito védico). Sendo a meditação mindfulness considerada o centro de todos seus pressupostos teóricos e métodos de meditação (bhāvanā). Considerando-se mindfulness correto (sammā-sati) como a atenção plena na investigação do corpo, sensações, mente (incluindo-se, aqui, os sistemas cognitivos da percepção, linguagem, comportamento motor e funções executivas), objetos mentais (imagens, memória de trabalho, emoções, pensamentos, imaginações etc.) e consciência.
Embora Mindfulness inclua práticas focadas em áreas específicas do sistema cerebral que promovem a integração neural (NELSON, 2012), na psicologia do Abhidhamma ela refere-se, também, ao treinamento da mente-corpo para investigação das três características da existência: impermanência (anicca), insatisfatoriedade/sofrimento (dukkha) e não-self (anattā, que reconhece a ideia postulada pela neuropsicologia cognitiva da não existência do self fixo e sólido, mas do self compondo-se a cada instante).
Originado do sânscrito védico, o significado inicial de mindfulness era memória (smrti). Compreendida, aqui, não como acesso às memórias de nosso patrimônio histórico individual. Mas como acesso às representações mnemônicas da percepção atual das sensações, mantidas na memória de trabalho. A concentração meditativa requer que o estímulo seja mantido na mente durante sua percepção; estando, portanto, associado à memória de trabalho.
Vale lembrar que essa concepção é também desenvolvida pela neuropsicologia cognitiva, ao apontar o papel fundamental da memória de trabalho na habilidade da sustentação da atenção e manipulação da informação na mente. Salientado diversos aspectos similares entre memória de trabalho e atenção sustentada como suas bases neurais. A memória de trabalho depende mais do córtex pré-frontal dorsolateral, sustentando a informação (desde que o conteúdo de itens a serem retidos temporariamente não seja grande), mas não manipulando-a (DIAMOND, 2013). Assim, como a atenção sustentada depende de regiões do córtex pré-frontal relacionadas com as funções executivas e mecanismos de controle da atenção.
Posteriormente, a acepção de memória (smrti) referindo-se a mindfulness, passou a ser significada na língua pāli (antigo dialeto indo-europeu) como sati: tendo o significado específico de estar plenamente atento, no momento presente, aos estímulos selecionados que se dão interna ou externamente.
Mindfulness, portanto, seria o funcionamento cognitivo com atenção plena ao montante de informações exteroceptivas (consciência perceptual) e interoceptivas (consciência introspectiva) disponíveis no momento presente. Percebendo o que está sendo experienciado pela mente-corpo, sem o filtro inconsciente das inferências habituais, comportamentos reflexos e respostas involuntárias (BAER, 2003; BISHOP et al., 2004). Possibilitando controle de interferências na concentração e atenção (especialmente, atenção seletiva), resposta inibitória da memória de trabalho, inibição cognitiva dos pensamentos e flexibilidade cognitiva (DIAMOND, 2013).
Nessa perspectiva, mindfulness aproxima-se das redes da atenção de Petersen & Posner (2012) por constituir-se de um estado de ativação do sistema nervoso e receptividade (arousal) aos estímulos disponíveis num campo sensorial; resultado da elevação e sustentação do estado de alerta (rede de alerta). Consiste na capacidade de selecionar um desses estímulos, e orientar o foco da atenção até o novo estímulo selecionado (rede de orientação/posterior). Assim, como envolver a capacidade da atenção de fixar-se no estímulo selecionado e controlar as interferências no nível da percepção, através da supressão de outro estímulo dominante incongruente ou indesejado; resolução de conflitos; monitoramento das respostas; e da alternância da atenção entre estímulos selecionados (rede de controle/anterior).
Essas capacidades estão evidenciadas em técnicas de Mindfulness para o desenvolvimento da concentração (samādhi). Como na meditação da atenção plena à respiração (ānāpāna- sati), em que a atenção é orientada à percepção e sustentação da atenção plena nas sensações dos dois movimentos da respiração a partir da entrada e saída do ar na pirâmide nasal, ou dos movimentos de expansão e contração abdominais.
Cada instrução dada sobre o movimento da respiração a ser focalizado, tem como objetivo ativar mindfulness para a receptividade dos estímulos presentes nessa área. Possibilitando à atenção plena sustentar-se no estímulo selecionado para processamento adicional de suas propriedades sensoriais. Atentando-se para a possibilidade do experimentar uma sensação por completo, mesmo sendo essa fugaz ou efêmera.
Inicialmente, o processo da concentração é um processo que exige muito esforço apenas para a rápida observação dos movimentos da inspiração-expiração, a partir da entrada e saída do ar na pirâmide nasal ou da expansão e contração da parede abdominal.
O mecanismo do sistema atencional de controlar as funções cognitivas e o comportamento para a realização bem-sucedida da concentração no desenvolvimento de mindfulness, aponta para a necessária identificação do objetivo final a ser alcançado: o estabelecimento de mindfulness.
Assim, como tem lugar a construção de um plano de metas (FUENTES et al., 2014) durante a prática de Mindfulness: (1) A percepção das sensações durante a sustentação da atenção no objeto de meditação (memória de trabalho); (2) A inibição da atenção que facilite a autorregulação e o controle das interferências de estímulos não selecionados (controle inibitório); (3) A utilização da organização hierárquica que possibilite sua execução: suspender a atenção em um estímulo não selecionado, mover a atenção através do alinhamento aos sinais apresentados pelo objeto de meditação, e sustentar a atenção no objeto a fim de analisar os processos que venham a se dar na mente-corpo (flexibilidade cognitiva).
Como ressaltado por Diamond (2013): “O controle inibitório da atenção (controle de interferência no nível da percepção) nos permite prestar atenção seletivamente, focalizando o que escolhemos e suprimindo a atenção de outro estímulo. […] Outro aspecto do controle de interferência é suprimir representações mentais dominantes (inibição cognitiva). Isso envolve resistir a pensamentos ou memórias incongruentes ou indesejadas, incluindo o esquecimento motivado, resistir à interferência proativa da informação adquirida anteriormente (POSTLE et al., 2004) e resistir à interferência retroativa das informações apresentadas posteriormente. (tradução livre da autora)
Segundo o modelo da teoria dos estágios da prática de Mindfulness de Tang et al. (2012, 2015), a concentração se desenvolve a partir da fundamentação da autorregulação. Envolvendo a ativação dos esforços requeridos para a regulação da atenção, de forma a facilitar a receptividade do objeto de meditação (estágio inicial). O desenvolvimento do processo da atenção seletiva, a fim de aumentar a eficácia do processamento das informações sensoriais, e a sustentação no objeto pela redução da mente vagante e do aumento da eficácia do processamento das informações sensoriais (estágio intermediário). O aumento da modulação dos mecanismos de orientação voluntária do controle cognitivo e da autorregulação favorecendo a atenção sustentada no objeto de meditação (estágio avançado).
Baseado nos Componentes da Concentração de Tang, Holzel & Posner (2015)
AS RELAÇÕES ENTRE A ATENÇÃO PLENA (MINDFULNESS) E AS FUNÇÕES DA ATENÇÃO
Considerando nossas investigações sobre o sistema atencional na neuropsicologia cognitiva e a fundamentação da atenção plena na psicologia budista, procuraremos apontar o papel da prática de Mindfulness nas distintas redes da atenção.
Embora diferentes, as funções da atenção presentes nas redes de alerta, orientação/posterior e controle/anterior estão relacionadas na unidade redes da atenção. Interatuando desde a ativação do sistema nervoso central, até o fornecimento de sinais para a rede executiva que atuará de acordo com o objetivo definido (CORBETTA & SHULMAN, 2002; MALINOWSKI, 2013).
Mas, também, consiste do esforço cognitivo de ajustar a concentração da atenção num estímulo, a partir do controle, da monitorização e da atualização dos sinais do estímulo selecionado, e/ou de estímulos intrusos como: suscetibilidade à distração, automatismo mental, sinais de dor muscular, instabilidade postural, torpor, sonolência, negativismo, instabilidade de humor, dentre outros (KILLINGSWORTH & GILBERT, 2010). É estabelecida com base no esforço cognitivo de alcançar o nível de consciência onde a sustentação da atenção num estímulo possa ser mantida com pouco esforço, e desprendida do foco atencional em estímulos não selecionados (TANG et al., 2015). Tendo como objetivo a experiência consciente do estímulo pela mente-corpo; assim, como seu conhecimento a partir de uma atitude aberta, não-reativa e de aceitação (BISHOP et al., 2004).
Essa relação entre a percepção de um estímulo selecionado (consciência perceptual), e a consciência da experiência desse estímulo pela mente-corpo (consciência introspectiva) serve de mecanismo-chave à atenção plena. Por consistir-se da condição necessária à experiência do que compõe o estímulo selecionado, devido à assimilação distinta de vários sinais; à experiência gradativamente integrada do estímulo, que mesmo estando composto em partes é integrado dentro da consciência; e à exclusão de outros estímulos não-selecionados, possibilitando à consciência permanecer na experiência do estímulo selecionado com inteireza.
Através do monitoramento aberto (monitoramento não reativo à experiência) e da percepção da perda da concentração no estímulo selecionado, fica destacada a intensificação do direcionamento da atenção aos estímulos distratores ou não selecionados (rede de orientação). Direcionamento, esse, que leva a consciência a se ocupar da interpretação dos sinais desses estímulos (rede de saliência), em vez de atentar ao estímulo selecionado.
Uma vez percebida, a perda da concentração da atenção no estímulo selecionado passa a demandar mecanismos executivos de controle da atenção: deslocamento da atenção entre os estímulos de forma alternada, atualização e monitoramento das representações da memória de trabalho, e inibição de respostas dominantes, automáticas ou predominantes (MIYAKE et al., 2000).
Em Mindfulness, a consciência e o conhecimento das repercussões do estímulo selecionado na mente-corpo facilitam o atingimento da autorregulação. Concentrando-se no treinamento da unidade redes da atenção-atenção plena, a partir das estratégias específicas do controle da atenção, da regulação emocional e da autopercepção (TANG et al., 2015).
Baseado nos Constituintes de Mindfulness, de Tang, Holzel & Posner (2015)
A autorregulação em Mindfulness se desenvolve a partir do controle da focalização da atenção e dos processos executivos. O controle atencional é determinante para a capacidade do mecanismo autorregulador de influenciar o desempenho do processamento cognitivo. Estando diretamente ligada à velocidade com que as informações da sensação chegam ao cérebro – processamento bottom-up, interferindo na capacidade de processamento das informações da sensação e, consequentemente, na inibição de outros estímulos concorrentes – processamento top-down (JOSEPOVIC & BAARS, 2013, POSNER et al., 2014).
As regiões envolvidas no processo do controle atencional sob a atenção plena são áreas do córtex pré-frontal dorsolateral e do cíngulo anterior (ALLEN et al., 2012; BISHOP et al., 2004; BREFCZYNSKI-LEWIS et al., 2007; BUSH et al., 2000; DOSENBACH et al., 2007; POSNER & ROTHBART, 2009; SEELEY et al., 2007; TANG et al, 2007; TANG et al., 2015). Enfatizando a habilidade para a função seletiva do objeto de meditação; a orientação para a experiência presente ou imediata do estímulo selecionado e do corpo-mente, com uma atitude de aceitação e não-julgamento da experiência; a regulação da atenção a partir do controle inibitório dos impulsos e interferências de estímulos não selecionados ao cumprimento do objetivo atual definido pela técnica de meditação; e a detecção da presença de conflitos emergentes no processamento de informações irrelevantes ou incongruentes, que poderão vir reduzir a atividade da atenção plena na experiência. O controle atencional em Mindfulness configura-se num mecanismo de meta-consciência, em que a consciência e investigação da regulação da focalização da atenção em si torna-se o objeto da atenção.
A autorregulação em Mindfulness vem a se dar também a partir da modulação das emoções. Modulação comportamental, essa, que decorre da concentração da atenção nos sentimentos que a mente-corpo experimenta ao abordar as emoções da felicidade, raiva/cólera, medo, tristeza, surpresa, nojo/aversão, dentre outras. Representados em termos de estados de fundo agradável ou desagradável (BARRETT et al., 2001). O processo da modulação se dá a partir do cultivo da atenção plena à emoção, aceitando-a como real, e com uma postura de não julgamento da experiência da mente-corpo. Tendo como objetivo, possibilitar que aspectos pré-verbais e pré-refletidos possam tornar-se acessíveis e descritíveis; causar mudanças cognitivas em relação à emoção; e favorecer o manejo dos estados afetivos (núcleos afetivos) (TANG et al, 2015). Possibilitar o desenvolvimento aprofundado de insights sobre a vida emocional do indivíduo; o desenvolvimento de condições para a redução da distração e de pensamentos ruminantes (JAIN et al., 2007); a redução de estados de humor negativos (JHA et al., 2010); e a redução das respostas aversivas ao estímulo (ZEIDAN et al., 2009).
Como apontado por Damásio (2015): “A trama da nossa mente e de nosso comportamento é tecida ao redor de ciclos sucessivos de emoções seguidas por sentimentos que se tornam conhecidos e geram novas emoções, numa polifonia contínua que sublinha e pontua pensamentos específicos em nossa mente e ações em nosso comportamento”. Sendo a investigação da autorregulação dessa “polifonia contínua” um mecanismo de meta-consciência de pensamentos e comportamentos estabelecidos entre a cognição e a afetividade.
Os circuitos das emoções localizam-se em várias regiões do encéfalo, através de inúmeras conexões entre as estruturas límbicas, a área pré-frontal e o tálamo; evidenciando-se a profunda relação entre os processos emocionais, cognitivos e homeostáticos. Uma vez integrados, tais processos poderão vir a modular os estágios da emoção: selecionar uma sensação composta pela emoção; inibir as respostas impulsivas (ou automáticas) da função atencional aos demais estímulos (atenção automática); desdobrar os processos voluntários de controle e monitoramento da focalização da atenção; modular a capacidade de manutenção ou redução de um ou mais componentes de uma resposta emocional (GROSS, 2001). Envolvendo, portanto, a combinação de processos do desenvolvimento atencional, das mudanças cognitivas e das respostas moduladoras de supressão (TANG et al., 2015; TEPER et al., 2013).
A perspectiva da autorregulação dos estados afetivos sensoriais pode ser desenvolvida a partir de técnicas como Mindfulness nas sensações corporais. A atenção plena nas sensações físicas que causam aversão, possibilita o gradual desenvolvimento da capacidade da orientação voluntária do foco da atenção em sensações intensas como, por exemplo, as nociceptivas (dor aguda e/ou dor crônica). Possibilitando o controle e monitoramento da atenção enquanto se dá a codificação da sensação da dor (KANDEL et al., 2014): sua intensidade, frequência, duração, respostas comportamentais somáticas e cognitivas (alterações no nível de alerta, reflexo de retirada, alterações nas funções cognitivas como a atenção e memória etc.); e das respostas fisiológicas autônomas e músculo-esqueléticas à dor (taquicardia, taquipnéia, sudorese, sensação de queimadura, picamento, formigamento, tensão muscular, tremor etc.).
Esses mecanismos de autorregulação são resultantes da prática da atenção plena aos estados corporais e emocionais, e do desenvolvimento de um grau de percepção intero e proprioceptiva cada vez mais sutil. Possibilitado pela habilidade de expor-se ao estímulo, abstendo-se de envolver em reatividades internas e, em vez disso, trazendo uma atitude de maior aceitação às respostas corporais e emocionais (HOLZEL et al., 2011). Ajudando na maior aceitação das experiências a nível físico ou cognitivo associadas a sintomas patológicos menos graves (NIELSEN & KASZNIAK, 2006). Na compreensão de que uma sensação surge e desaparece, não sendo capaz de nos tornar impotentes perante sua força identificada na maioria das vezes como avassaladora. Assim, como tornando a consciência progressivamente capaz de experimentar processos como a insatisfação/sofrimento e a sensação de vazio, sem reforçar reatividades aversivas.
A atenção plena na autopercepção das experiências da mente-corpo resulta na maior coerência entre as informações neuropsicológicas objetivas e a experiência subjetiva em relação à certas sensações, informações cognitivas, e emoções. Possibilitando uma atitude de maior aceitação das experiências da mente-corpo, e a capacidade da consciência em permanecer com maior frequência nessas experiências. Ajudando na maior aceitação das experiências a nível físico ou cognitivo associadas a sintomas patológicos menos graves (NIELSEN & KASZNIAK, 2006). Na compreensão de que uma sensação surge e desaparece, não sendo capaz de nos tornar impotentes perante sua força identificada na maioria das vezes como avassaladora. Assim, como tornando a consciência progressivamente capaz de experimentar processos como a insatisfação/sofrimento e a sensação de vazio, sem reforçar reatividades aversivas.
As estruturas relacionadas ao processamento da autopercepção incluem o córtex pré-frontal, o giro do cíngulo posterior, precuneus e ínsula (NORTHOFT et al., 2006). Das relações entre essas regiões, evidencia-se a detecção dos estímulos relevantes que contribuem ao mapeamento neural dos estados corporais; o direcionamento do comportamento ao estímulo selecionado (goal-directed behavior); e a inibição dos estímulos não-selecionados. Facilitando a atenção e os recursos da memória de trabalho para a correta manipulação da informação necessária à interpretação e expressão desses estados na consciência – interocepção consciente. Funções, essas, que evidenciam o mecanismo da meta-consciência, em que a consciência e conhecimento da identificação e manejo da autopercepção tornam-se o objetivo da atenção (SHAPIRO et al., 2006).
Mesmo não sendo voltada à apreensão de estímulos externos ou internos, mas predominantemente para a própria experiência que a mente-corpo tem dos estímulos, o treinamento de Mindfulness evidencia-se na intensificação da maior receptividade e prontidão da atenção em responder aos estímulos. Uma vez percebido um estímulo, ativa-se o mecanismo da discriminação: o direcionamento da atenção até sua origem, e a percepção de suas representações mentais a partir de seu enquadramento conceitual (memória de trabalho). Porém, não se restringindo à capacidade de localização e percepção da representação do estímulo, mas à capacidade da cuidadosa exploração de suas variações, e do refinamento gradual da capacidade da autopercepção da mente-corpo enquanto ocorrem essas experiências (BLACK et al., 2011).
Diversas publicações envolvendo a prática de Mindfulness e o desenvolvimento das funções cognitivas atencionais, evidenciam a eficácia da atenção em processar estímulos distintos em sucessão rápida. Sendo resposta ao aumento do potencial de receptividade global e do tempo de concentração no mesmo estímulo primário único; que pode ser um estímulo localizado no campo sensorial ou o próprio objeto da meditação. Assim, como salientam a capacidade da rápida identificação do segundo estímulo, e da suspensão da resposta a esse estímulo em detrimento de seu realinhamento ao estímulo selecionado inicial (BREFZCYNSKI-LEWIS et al., 2007; COLZATO et al., 2012).
Esses processos relacionam-se diretamente com o “espaço” que progressivamente se abre entre o estado de receptividade, percepção e resposta ao estímulo. Devendo-se à progressiva diferenciação que a atenção passa a ter dos estímulos externos e internos (CHAMBERS et al., 2008), e à capacidade da atenção passar a responder mais reflexivamente ao estímulo, e não reativamente (CHAMBERS et al., 2009).
A redução de comportamentos impulsivos e automáticos, e de conflitos que surgem como resultado aos fluxos incompatíveis de processamento de informações são evidenciados em publicações que apontam para o aumento da resposta do controle atencional e da autorregulação ao longo da prática de Mindfulness. Processando-se em paralelo à otimização da capacidade de seleção do estímulo, sua relevância, e, consequentemente, a inibição da interferência de outros estímulos e/ou comportamentos concorrentes, que poderão vir a reduzir a atividade da atenção plena na experiência (HOLZEL et al., 2011; MALINOWSKI, 2013; MOORE et al., 2012; TANG et al., 2007, 2015).
Investigações sobre os efeitos da autorregulação em estruturas cerebrais e suas funções têm evidenciado inúmeros benefícios em diversos sistemas do corpo-mente. Estando relacionados ao desencadeamento da ativação das regiões do núcleo caudado, giro parahipocampal e córtex pré-frontal e suas funções de desconectar intencionalmente a atenção de estímulos não selecionados e suas informações irrelevantes, controlar o fluxo mental e o vagar do pensamento pela mente, e intensificar a atenção plena ao corpo-mente (POSNER & ROTHBART, 1998; TANG et al., 2012).
CONCLUSÃO
Especialmente desde a década de 1990-2000, o interesse pelo diálogo entre a neuropsicologia e a psicologia budista (Abhidhamma) tem sido crescente. Evidenciando a utilização de conceitos da psicologia budista nos diversos métodos que incluem Mindfulness (meditação da atenção plena) na promoção da saúde física e mental. Dessa forma, a resposta a nosso objetivo de ressaltar alguns benefícios evidenciados com a utilização da prática de Mindfulness nas funções da atenção pode encontrar subsídios nas investigações de outras teorias e autores. Alguns desses autores estão utilizados nesse trabalho.
Ao assumirmos o diálogo entre a teoria da atenção desenvolvida nessas perspectivas, por mais de uma vez nos vimos diante de dificuldades à compreensão de Mindfulness. Sendo importante estarmos constantemente considerando que Mindfulness têm duas grandes tradições diferentes: uma é científica, utilizando Mindfulness para investigar e explicar mudanças nas estruturas e funções cerebrais, cognição e comportamento. A outra é contemplativa e vê Mindfulness como parte do caminho de emancipação do sofrimento (NELSON, 2012).
Destacando a existência de uma neurociência contemplativa desde os trabalhos iniciais dos pesquisadores Deikman, Wallace, Davidson & Goleman na década de 1970-1980. Tendo como objetivo apontar a colaboração entre ciência e as tradições espirituais.
Tratamos inicialmente de apresentar alguns constructos da teoria das redes atencionais de Posner & Petersen (1990, 2012), abordando cada uma das redes: rede de alerta, rede de orientação/posterior e rede de controle/anterior. Dando ênfase às estruturas nervosas, neurotransmissores e funções. Porém, atentos ao reducionismo de compreender atenção exclusivamente enquanto um fenômeno distribuído em certas bases neurais específicas.
A seguir, apresentamos alguns dos fundamentos de Mindfulness na psicologia budista, considerando que grande parte dos programas de Mindfulness têm suas fundamentações nas concepções originárias da psicologia budista. Dando ênfase às diferenças entre as noções de atenção (manasikāra), concentração (samādhi) e atenção plena (sati), a fim de evidenciar possíveis distorções existentes na compreensão da atenção plena em sua complexidade e objetivos. Especialmente, quanto a compreensão incorreta de suas bases teóricas.
Procuramos relacionar a atenção plena à neuropsicologia cognitiva. Apontando alguns modelos de Mindfulness que destacam a ênfase dada à receptividade do estímulo que se apresenta para a consciência centrada no momento presente. Assim, como a aceitação de sua experiência sem fazer julgamentos ou perder-se em fluxos de pensamentos, ou elaborações sobre seus significados, implicações, e necessidades de ação (SHAPIRO & SCHWARTZ, 2000; TEASDALE, 2003).
Porém, buscando ressaltar que a atenção plena não se resume ao estar com atenção num estímulo no momento presente, sem julgamentos. A atenção plena é o desenvolvimento dos insights da natureza da mente-corpo; sendo, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos que trabalharão a compreensão de nossas experiências a cada momento. Porém, não se reduzindo apenas ao conhecimento do que acontece a cada instante. Mas a partir do desembaraçar das tramas tecidas por nossas concepções, crenças, hábitos, preconceitos e mentiras; assim, como das tramas que podem estar tecidas em torno de nós pelo outro ou pelo mundo (SALZBERG, 2011). Para tal, são necessários insights quanto ao que são essas tramas, suas origens, sua cessação e o caminho que levará à sua cessação. Caracterizando Mindfulness como a atenção plena às experiências da mente-corpo.
A fim de desenvolvermos o objetivo de ressaltar os benefícios da prática de Mindfulness nas funções da atenção, inicialmente avaliamos as relações existentes entre as redes de atenção e a atenção plena. Processos que se compõe de funções diferentes, porém interdependentes. Servindo de mecanismo-chave à percepção do estímulo selecionado, e à consciência da experiência desse estímulo pela mente-corpo (CHIESA et al., 2011; TANG et al., 2015). Facilitando o funcionamento cognitivo da atenção plena. Bem como, auxiliando no desenvolvimento, consolidação e aprofundamento do controle executivo e da autorregulação da atenção. (LUTZ et al., 2008; TANG et al., 2007; TAYLOR & MIREAULT, 2008; VAN DER HURK et al., 2010). O que nos levou a concluir a interdependência e interação existente para além da unidade redes da atenção-atenção plena. Evidenciando-se, também, na unidade atenção plena-redes da atenção.
Percebemos em nossas pesquisas sobre as relações entre a atenção plena e as funções da atenção na neuropsicologia cognitiva, a pequena inserção do corpo conceitual da psicologia budista. O que chama a atenção, já que estamos dentro de um campo interdisciplinar que agrega os conhecimentos de ambos os modelos teóricos.
Diante desse quadro, procuramos utilizar nossas experiências da prática de Mindfulness, estudos da literatura da psicologia budista, e orientações de professores de Mindfulness em nossas pesquisas da literatura de Mindfulness de ambos os modelos.
Investigações futuras devem progressivamente abrir estudos sobre a atenção plena na psicologia budista; modelo, esse, que oferece construções de uma teoria singular sobre as funções cognitivas e a consciência. Assim, como devem pesquisar cada vez mais substancialmente a natureza da atenção plena; especialmente, no que se refere aos mecanismos-chave dos efeitos das intervenções da atenção plena, sua melhor medida, estimulação e cultivo. O que pode nos levar mais longe em direção aos objetivos de aliviar o sofrimento humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
. ALLEN, M., DIETZ, M., BLAIR, K.S., VAN BEEK, M., RESS, G., VESTERGAARD-POULSEN, P. LUTZ, A. & ROESPSTORFF. (2012). Cognitive, affective neural plasticity following active-controlled mindfulness intervention. Washington: Journal of Neuroscience, 32(44), pp. 15601-15610.
. ASPLUND, C.L., TODD, J.J. & MAROIS, R.A. (2010). A central role for the lateral prefrontal cortex in goal-directed and stimulus-driven attention. Basingstoke: Nature Neuroscience, 13 (4), pp. 507-512.
. BAER, R. A. (2003) Mindfulness training as a clinical intervention: a conceptual and empirical review. Washington: Clinical Psychological Science. Pract. 10, pp. 125–143.
. BARCHAS, J.D., MICHELS, R. & SHAPIRO, T. (2016). Celebrating the 20th Anniversary of the Sackler Institute. New York: Weill Cornell Medicine.
. BARRETT, L.F., HILL, C., GROSS, J., CHRISTENSEN, T.C. & BENVENUTO, M. (2001) Knowing what you’re feeling and knowing what to do about it: Mapping the relation between emotion differentiation and emotion regulation. London: Cognition and Emotions, 15 (6), pp. 713–724.
. BAUMEISTER, R.F. & VOLS, K.D. (2007). Self-Regulation, Ego Depletion, and Motivation. Thousand Oaks: Social and Personality Psychology Compass 1(1), pp. 115-128.
. BICKLE, J. (2009). The Oxford Handbook of Philosophy and Neuroscience. Oxford: Oxford University Press, pp. 27-34.
. BISHOP, S.R., LAU, M., SHAPIRO, S., CARLSON, L., ANDERSON, N.D., CARMODY, J., SEGAL, Z.V., ABBEY, S., SPECA, M., VELTING, D. & DEVINS, G. (2004), Mindfulness: a proposed operational definition. New York: Clinical Psychology: Science and Practice, 11, pp. 230–240.
. BLACK, D.S., SEMPLE, R.S., POKHREL, P. & GRENARD, J.R. (2011). Component Process of Executive Function – Mindfulness, Self-regulation, and Working Memory – and Their Relationship with Mental and Behavioral Health. New York: Mindfulness, 2(3), pp. 179-185.
. BREFCZYNSKI-LEWIS, J.A., LUTZ, A., SCHAEFER, H.S., LEVINSON, D.B. & DAVIDSON, R.J. (2007). Neural correlates of attentional expertise in long-term meditation practitioners. New York: PNAS, 104(27), pp. 11483-11488.
. BUSH, G., LUU, P. & POSNER, M.I. (2000) Cognitive and emotional influences in anterior cingulate cortex. Cambridge: Trends Cognitive Science, 4(6), pp. 215-222.
. CALLEJAS, A., LUPIANEZ, J. & TUDELA, P. (2004). The three attentional networks: on their Independence and interactions. Toronto: Brain and Cognition, 54, 225-227.
. CALLEJAS, A., LUPIANEZ, J., FUNES, M.J. & TUDELA, P. (2005) Modulations among the alerting, orienting and executive control networks. Toronto: Experimental Brain Research, 167, pp. 27-37.
. CHAMBERS, R., LO, B.C.Y. & ALLEN, N.B. (2008). The impact of extensive mindfulness training on attentional control, cognitive style, and affect. New York: Cognitive Therapy and Research, 32(3), pp. 303-322.
. CHAMBERS, R., GULLONE, E. & ALLEN, N.B. (2009). New York: Clinical Psychology Review, 29, pp. 560-572.
. CHIESA, A., CALATI, R. & SERRETTI, A. (2011). Does Mind Training Comprove Cognitive Hability? A systematic review of neuropsychology findings. New York: Clinical Psychology Review, 31, 449-464.
. COLZATO, L.S., OZTURK, A. & HOMMEL, B. (2012) Meditate to Create: The Impact of Focused Attention and Open-Monitoring Training on Convergent and Divergent Thinking. Lausanne: Journal Frontiers in Psychology, 3 (116). pp.
. CORBETTA, M. & SHULMAN, G.L. (2002). Control of Goal-Directed and Stimulus-Driven Attention in the Brain. London: Nature Reviews/Neuroscience, 3, pp. 273-304.
. CUNHA, A.G. (1986). Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. (1986). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 13, 80, pp. 762.
. DAMÁSIO, A. (2015). O Mistério da Consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 255-260.
. DEMARZO, M. & CAMPAYO, J.G. (2015). Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. São Paulo: Palas Atena, pp. 239-43.
. DIAMOND, A. (2013). Executive Functions. Minneapolis: Annual Review of Psychology, 64, pp. 135-68.
. DIMIDJIAN, S. & SEGAL, Z.V. (2015). Prospect for a Clinical Science of Mindfulness-Based Intervention. Washington: American Psychological Association, 70(7), pp. 593-620.
. DOSENBACH, N.U.F., FAIR, D.A., MIEZIN, F.M., COHEN, A.L., WENGER, K.K., DOSENBACH, R.A.T., FOX, M.D., SNYDER, A.Z., VINCENT, J.L., RAICHLE, M.E., SCHALAGGAR, B.L. & PETERSEN, S.E. (2007). Distinct brain networks for adaptive and stable task control in humans. Bethesda: Proceedings of the Nation Academy of Science of United State of America, 104(26), pp. 11073-11078.
. FAN, J., McCANDLISS, B.D., SOMMER, T., RAZ, A. & POSNER, M.M. (2002). Testing the Efficiency and Independence of Attentional Networks. New York: The Journal of Cognitive Neuroscience, 14(3), pp. 340-347.
. FAN, J., McCANDLISS, B.D., FOSSELLA, J., FLOMBAUM, J.I. & POSNER, M.I. (2005). The activation of attentional networks. Journal NeuroImage, 26, pp. 471 – 479.
. FAN, J., BYRNE, J., WORDEN, M.S., GUISE, K.G., MCCANDLISS, B.D., FOSSELLA, J. & POSNER, M.I. (2007). The Relation of Brain Oscillations to Attentional Networks. Washington: The Journal of Neuroscience, 27(23), pp. 6197-6206.
. FUENTES, D., MALLOY-DINIZ, L.F., CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. (2014). Neuropsicologia – Teoria e Prática. Porto Alegre: ARTMED, pp. 115-138.
. GROSS, J.J. (2001). Emotion regulation in adulthood: timing is everthing. Washington: Current Directions in Psychological Science, pp. 214-219.
. HANSON, R. & MENDIUS, R. (2012) O Cérebro de Buda: Neurociência prática para a felicidade. Alaúde Editorial, 193.
. HOLZEL, B.K., LAZAR, S.W., GARD, T., SCHUMAN-OLIVIER, Z., VAGO, D.R. & OTT, U. (2011). How does mindfulness meditation work? Proposing of action from a conceptual and neural perspective. Massachusetts: Perspective Psychological Science, 6(6), pp. 537-559.
. JAIN, S., SHAPIRO, S.L., SUMMER, S., ROESCH, S.C., MILLS, P.J., BELL, I., & SCHWARTZ, G.E.R. (2007). A Randomized Controlled Trial of Mindfulness Meditation Versus Relaxation Training: Effects on Distress, Positive States of Mind, Rumination, and Distraction. Oxford: Annals of Behavioral medicine 33(1), 11-21.
. JHA, A.P., KROMPINGER, J. & BAIME, M.J. (2007). Mindfulness training modifies subsystems of attention. New York: Cognitive, Affective & Behavioral Neuroscience, 7 (2), 109-119.
. JHA, A.P., STANLEY, E.A., KIYONAGA, A., WONG, L. & GELFAND, L. (2010). Examining the Projective Effects of Mindfulness Training on Working Memory Capacity and Affective Experience. Washington: Emotion, 10(1), 54-64.
. JOSEPOVIC, Z. & BAARS, B.J. (2013). What can Neuroscience Learn from Contemplative Practices? (Editorial). Lausanne: Frontiers in Psychology, 9, pp. 06-08.
. KABATT-ZINN, J. (1990). Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of Your Body and Mind to Face Stress, Pain, and Illness. New York: Bantam Dell.
. KABATT-ZINN, J. (2011). Some Reflections on the Origins of MBSR, Skillful Means, and the Trouble with Maps. Honolulu: Contemporary Buddhism, 12(1), pp. 281-306.
. KANDEL, E.R., SCHWARTZ, J., JESSELL, T.M., SIEGELBAUM, S.A. & HUDSPETH, A.J. (2014). Porto Alegre: Princípios de Neurociências. AMGH Editora.
. KILLINGSWORTH, M.A. & GILBERT, D.T. (2010) A Wandering Mind Is in an Unhappy Mind. Washington: Science Magg, pp. 330, 932.
. LANDRY, M. & RAZ, A. (2016). Heightened states of attention: From mental performance to altered states of consciousness and contemplative practices. Nancy: Intellectica Journal, 66, 2016/2, pp. 01-21.
. LAWRENCE, N.S., ROSS, T.J. HOFFMAN, R., GARAVAN, H. & STEIN, E.A. (2003). Multiple neuronal networks mediate sustained attention. Cambridge: Journal Cognitive Neuroscience, 15, pp. 1028-38.
. LOGUE, S.F. & GOULD, T.J. (2014). The Neural and Genetic Basis of Executive Function: Attention, cognitive, flexibility and response inhibition. New York: Washington Bethesda: Pharmacology Biochemistry and Behavioral, 123, pp. 45-54.
. LUTZ, A., DUNNE, J.D. & DAVIDSON, R.J. (2008). Attentional regulation and monitoring in meditation. Bethesda: Trends Cognitive Science, 12 (4), pp. 163-169.
. MALINOWSKI, P. (2013). Neural mechanisms of attentional control in mindfulness meditation. San Francisco: Frontiers in human Neuroscience, 7(8), pp. 01-11.
. MARROCO, R.T. & DAVIDSON, M.C. (1998). Neurochemistry of attention. In. PARASURAMAN, R. (1998) The attentive brain. Cambridge: The MIT Press, pp. 35-50.
. MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006). Portaria n. 971, de 03 de Maio de 2006: Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde. Saúde Legis.
. MIYAKE, A., EMERSON, M.J. & FRIEDMAN, M.A. (2000). Assessment of Executive Functions in Clinical Setting: problems and recommendations. New York: Seminars in Speech and Language, 21 (2), pp. 169-183.
. MOORE, A., BRUBER, T., DEROSE, J. & MALINOWSKI, P. (2012). Regular, brief mindfulness practice improves electrophysiological markers of attentional control. Frontiers in Human Neuroscience, 6 (18), doi: 10.3389/fnhum.2012.00018.
. NELSON, D.L. (2012). Implement Mindfulness: practice as the home of understanding. Paideusis: Journal of the Canadian Philosophy of Education Society, 20, 4-14.
. NIELSEN, L. & KASZNIAK, A.W. (2006). Awareness of subtle emotional feelings: a comparison of long-term meditators and nonmeditators. Washington: Emotion, 6(3), pp. 392-405.
. NORTHOFF, G., HEINZEL, A., GRECK, M., BERMPOHL, F., DOBROWOLNY, H. & PANSKSEPP, J. (2006). Self-referential processing in our brain – A meta-analysis of imaging studies. Bethesda: NeuroImage, 31, pp. 440 – 457.
. NYANATILOKA. (1987). Buddhist Dictionary: Manual of Buddhist terms and doctrines. Kandy: Buddhist Publication Society, pp. 157-8.
. OMS – Organização Mundial da Saúde (2002). Traditional Medicine Strategy 2002-2005. World Health Organization.
. PARASURAMAN, R., WARM, J. & SEE, J. (1998). Brain systems of vigilance. In Parasuraman, R. (Ed.). The attentive brain. Massachussets: The MIT, pp. 221-256.
. PETERSEN, S.E. & POSNER, M.I. (2012). The Attention System of the Human Brain: 20 Years After. Cambridge: Annual Review of Neuroscience, 35, pp. 73-89.
. PEUKER, A.C., LOPES, F.M. & BIZARRO, L. (2009). Viés Atencional no abuso das drogas: teoria e método. Brasília: Instituto de Psicologia da UnB: Teoria e Pesquisa, 25 (4), pp. 505-512.
. POSNER, M.I. (1980). Orienting of Attention. Thousand Oaks: The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 32, pp. 3-25.
. POSNER, M.I. (2012). Cognitive Neuroscience of Attention. New York: The Guilford Press, pp. 48-56.
. POSNER, M.I. (2012-b). Imaging Attention Networks. Bethesda: Neuroimage, 61(2), pp. 450-6.
. POSNER, M.I. & FAN, J. (2008). Attention as an organ system. Cambridge University, pp. 31-61.
. POSNER, M.I. & PETERSEN, S.E. (1990). The attention system of the human brain. Cambridge: Annual Review of Neuroscience, 13, pp. 25-42.
. POSNER, M.I. & ROTHBART, M.K. (2007). Research on attention networks as a model for the integration of psychological science. Palo Alto: Annual Review of Psychology, 58, pp. 1–23.
. POSNER, M.I. & ROTHBART, M.K. (2009) Toward a Physical Basis of Attention and Self-Regulation. Eugene: Physical of Life Review, 6(2), pp. 103-120.
. POSNER, M.I., ROTHBART, M.K., SHEESE, B. E. & VOELKER, P. (2014). Development Attention: Behavioral and Brain Mechanisms. London: Advances in Neuroscience, pp. 01-09.
. POSTLE, B.R., BRUSH, L.N. & NEICH, A.M. (2004). Prefrontal cortex and the meditation of proactive interference in working memory: Cognitive and Affective Behavior, 4, pp. 600-8.
. ROBBINS, T.W. Y ROBERTS, A.C. (2007). Differential Regulation of Fronto-Executive Function by the Monoamines and Acetylcholine. Cerebral Cortex, 17, pp. 151-160.
. SALZBERG, S. (2011) Real Change: Mindfulness to real ourselves and he world. New York: Macmillan Publishers,
. SCHNEIDER, W. & SHIFFRIN, R.M. (1977). Controlled and Automatic Human Information Processing: I. Detection, Search and Attention. Psychological Review Association, 84 (1), pp. 1-66.
. SEELEY, W.W., MENON, V., SCHATZBERG, A.F., KELLER, J., GLOVER, G.H., KENNA, H., REISS, A.L. & GREICIUS, M.D. (2007). Dissociable Intrinsic Connective Networks for Salience Processing and Executive Control. The Journal of Neuroscience, 27(9), pp. 2349-2356.
. SHAPIRO, S.L., CARLSON, L.E., ASTIN, J.A. & FREEDMAN, B. (2006). Mechanisms of Mindfulness. Journal of Psychology, 62(3), pp. 373-386.
. SHAPIRO, S.L. & SCHWARTZ, G.E.R. (2000). Intentional systemic mindfulness: An integrative model for self-regulation and health. Advanced in Mind/body Medicine. 16, pp. 128-134.
. STERNBERG, R.J. (2008). Psicologia Cognitiva. Artmed. p. 95-103.
. TANG, Y.Y., MA, Y., WANG, J., FAN, Y., FENG, S., LU, Q., YU, Q., SUI, D., ROTHBART, M.K., FAN, M. & POSNER, M.I. (2007). Short-term meditation training improves attention and self-regulation. PNAS 104(43), pp. 17152-17156.
. TANG, Y.Y, ROTHBART, M.K. & POSNER, M.I. (2012). Neural correlates of establishing, maintain and switching brain states. Trends and Cognitive Science, 16 (6), pp. 330-337.
. TANG, Y.Y., HOLZEL, B.K & POSNER, M.I. (2015). The neuroscience of mindfulness meditation. Nature Reviews Neuroscience, 16(4), pp. 213-25.
. TAYLOR, D.G. & MIREAULT, D.C. (2008). Mindfulness and Self-regulation: A Comparision of long-term to short-term meditators. The Journal of Transpersonal Psychology, 40(1), pp. 88-89
. TEASDALE, J.D., SEGAL, Z.V. & WILLIAMS. (2003). Mindfulness training and problem formulation. Clinical Psychology: Science and Practice, 10, pp. 157-160.
. TEPER, R., SEGAL, Z.V. & INZLICHT, M. (2013). Inside the Mindful Mind: How Mindfulness Enhances Emotion Regulation Improvements in Executive Control. Psychology Science, XX (X), pp. 1-6.
. VAN DER HURK, P.A., GIOMMI, F., GIELEN, S.C., SPECKENS, A.E.M. & BARENDREGT, H.P. (2010). Greater efficiency in attentional processing related to mindfulness meditation. Q. J. Exp. Psychology. 63: pp. 1168-1180.
. WEINBACH, N. & HENIK, A. (2012). The Relationship Between Alertness and Executive Control. Journal of Psychology: Human Perception and Performance, 38(6), pp. 1530-40.
. YAO, J. (2015). An Examination of How Attention Influences Exposure Effects: Target Selection, Distractor Devaluation and Mere Exposure. Thesis submitted in University of Illinois at Urbana-Champaign. 33.
. ZEIDAN, F. JOHNSON, S.K., DIAMOND, B.J., DAVID, Z. & GOOLKASIAN. P. (2010). Mindfulness meditation improves cognition: Evidence of brief mental training. Consciousness and Cognition, 19(2). pp. 597-605.